Santiago de Compostela Caminho do Norte

A escolha de começar por San Sebastian não foi por acaso. Uma cidade maior, repleta de bicicletarias, garantindo que, se enfrentássemos problemas mecânicos, teríamos opções de socorro. E essa tática já mostrou seu valor no primeiro dia, quando o meu pedal deu problema. Mas isso foi apenas o prenúncio do que enfrentaríamos neste dia.

Antes de sair de Irún, fomos pela terceira vez, à Paróquia de Santa Maria do Juncal para buscar o carimbo para o passaporte do peregrino. No entanto, em todas as tentativas, a igreja permaneceu fechada.

O caminho norte a pé totaliza 825 Km em 34 etapas, e, na época do nosso planejamento, informações para ciclistas eram escassas, então agrupamos os trechos em um planejamento de 16 dias. Também não encontramos a referência de GPS feito de bicicleta, então levamos o que tivemos acesso, o de pedestres. Sendo que tem um detalhe importante, sabemos que em alguns lugares há uma diferença entre os dois caminhos, e isso se tornaria evidente neste dia.

Ao longo da rota, encontramos uma estranha inscrição no asfalto em branco: "Bike aqui". A princípio, ignoramos essa marcação, seguindo exatamente o caminho dos peregrinos a pé.  Já que essa marcação era branca, e destoava das demais das setas bem feitas em amarelo que tínhamos visto até ali.

No entanto, após quilômetros, percebemos que nosso erro. O caminho dos pedestres, apesar das setas bem desenhadas em amarelo, se tornou uma trilha íngreme de lama, pedras soltas e escalaminhadas em terreno escorregadio.

Nesta altura, não dava para voltar e optamos por seguir carregando as bikes nas costas ou mesmo empurrando morros acima, até finalmente chegar ao Santuário da Virgem de Guadalupe.

A partir desse ponto, finalmente acertamos a estrada certa, uma via deserta percorrendo o cume da montanha, com pastagens de um lado e o Golfo da Biscaia do outro. Paisagens de tirar o fôlego, mesmo sob chuva e neblina.

Descemos em direção à Capela Santa Ana Ermita, enfrentando trechos de escada e um cansaço crescente. A vista do rio Oyarzun e da cidade de Pasaia era deslumbrante do mirante da Capela, um momento para apreciar a beleza da jornada.

A travessia de barco, nossa primeira da peregrinação, nos levou à margem de San Pedro, com destaque para a Iglesia Parroquial de San Pedro, erguida em 1774, substituindo a antiga paróquia cujas ruínas estão agora no cemitério do bairro

Mais subidas intensas seguiram-se em um singletrack, com trechos não pedaláveis devido à chuva. O desafio aumentava a cada pedra no caminho. O trecho final foi uma ascensão íngreme e uma descida sinuosa até a praia de San Sebástian.

Mais subidas intensas seguiram-se em um singletrack, com trechos não pedaláveis devido à chuva. O desafio aumentava a cada pedra no caminho. O trecho final foi uma ascensão íngreme e uma descida sinuosa até a praia de San Sebástian.

Mas ainda não acabou, lembra que precisamos sair da rodoviária e concluir a montagem das bikes do lado de fora? Pois é, na pressa de sair o Márcio não apertou direito o seu pedal e isso custou o pedivela da bike, mas só fomos perceber muitos kms a frente e depois de muitas subidas e lama, e falando em lama, novamente a minha bike teve problemas, mas desta vez, foi uma trinca na gancheira. O Marcio percorreu algumas lojas e não encontramos peça de reposição, corremos muito atrás mas sem sucesso e infelizmente isso sim pode custar a nossa viagem.