Santiago de Compostela Caminho do Norte

Salve família! Hoje, marcamos o quarto dia da nossa jornada de peregrinação.

Nosso objetivo hoje é também completar dois trechos, eu sei que não estamos conseguindo repor os dias perdidos, mas calma, tem muito chão pela frente.  Seguimos de Deba, onde chegamos ontem, até Markina e, em seguida, de Markina até a famosa cidade de Guernica. 

Ah, Se você faltou essa aula de artes, ou nem teve isso na escola, Guernica foi imortalizada pelo pincel genial de Pablo Picasso, mas isso veremos mais tarde. Estão prontos para mais esse episódio? Vamos lá!

Logo no início, uma placa nos guia, indicando a rota dos ciclistas, afastando-nos dos passos dos caminhantes. Um visual maravilhoso e um pouco mais do Geoparque enquanto seguimos rente ao litoral, com o mar a nossa direita. 

Mas preparem-se, pois o dia promete altimetria desafiadora, aquela adequada para pagar todos os nossos pecados.

Para chegar a Markina tivemos que nos afastar do litoral, mas as serras pelo caminho valem muito a pena, e o mais curioso é que mesmo em alguns lugares muito isolados o caminho é um trilho asfaltado, o que ajuda a render, ainda mais em um dia gostoso de sol. 

Já em Markina, uma cidade pequena mas muito fofinha, tivemos a oportunidade de visitar a Iglesia de Nuestra Señora del Carmen, uma construção Barroca do século XVIII.

E institucionalizamos um ritual, que é tomar um café nas cidades intermediárias, principalmente nos dias frios e com chuva, esse carinho conosco foi muito bom em várias situações.

Ao chegarmos a Mendieta, o calor nos castiga, e nos refugiamos em um bar próximo à Iglesia de la Ascensión del Señor, buscando um breve alívio. 

O ritmo local nos envolve, e a animação nos impulsiona adiante.

Mas foi na chegada a Guernica que sentimos um misto de emoções. Uma agitação fervilhante, um palco armado, indicativos de uma festa hoje na cidade. A propósito, uma dica de ouro: busquem cidades não muito grandes, mas também não muito pequenas para ficar aos fins de semana. Eventos culturais surpresa são como presentes no caminho.

Mas também havia um painel pendurado em um lindo prédio onde estava escrito "Pintado por niños de Ucrania". Guernica sofreu um bombardeio horrível em 1937 durante a guerra civil espanhola, reduzindo a cidade a destroços. 

Em resposta ao fato, o famoso pintor Pablo Picasso, eternizou seu repúdio ao fato no famoso quadro Guernica, uma declaração de "guerra contra a guerra e um manifesto contra a violência"

Sem destino certo para o pernoite, corremos para encontrar abrigo, o objetivo era deixar as bicicletas e poder aproveitar a festa. O local escolhido, próximo à celebração, era ideal, mas subir cinco lances de escada com as bicicletas não foi tarefa fácil.

Largamos nossas fiéis companheiras e saímos pela cidade em busca de um restaurante com a cozinha aberta.

Que não foi dessa vez, nos restou ir ao mercado, e comer pistache e tomar vinho no banco da praça principal da cidade em frente ao palco.

Ali, entre músicas locais, trajes tradicionais e risos de crianças, percebemos a resiliência humana. Guernica se reconstruiu, a vida persiste, mas é doloroso perceber que, mesmo nos dias atuais, a guerra ainda nos assombra.